De acordo com o Glossário Terminológico de Psicologia SociaI, “Identidade social refere-se ao aspecto "nós" do nosso auto-conceito que depende do nosso sentido de pertença a um determinado grupo social. É assim uma forma particular de representação social que serve de mediador na relação entre o indivíduo e o mundo social. As funções da identidade social incluem o enquadramento da pessoa no ambiente social, a comunicação das posições pessoais e o estabelecimento de relações com os outros (reconhecimento social)."
A identidade é construída sob a influência de fatores sociológicos, psicológicos, cognitivos e culturais. Nesta fase, o adolescente precisa do outro para construir a sua identidade, precisa de referências externas para que ele se possa sentir como um "Indivíduo". Ao mesmo tempo, precisa também de se sentir aceite socialmente e assim poder construir o seu sentimento de pertença a um grupo - procura a compreensão partilhada e o apoio. Desse modo inicia a busca por esta aceitação social que ocorre pela procura e constituição de grupos, onde os seus membros partilham afinidades (formas de estar, de vestir, de expressar, atitudes, gostos e interesses, etc) Assim, as referências com que procuram identificar-se costumam estar fora da realidade familiar - as relações exteriores à casa são uma necessidade, mas sobretudo, uma conquista.
"Os adolescentes passam mais tempo com os amigos e menos
tempo com a família. Entretanto, os valores fundamentais da maioria dos adolescentes permanecem mais parecidos com os de seus pais do que geralmente se percebe. Mesmo quando os adolescentes buscam a companhia e a intimidade com seus pares, procuram nos pais uma
tempo com a família. Entretanto, os valores fundamentais da maioria dos adolescentes permanecem mais parecidos com os de seus pais do que geralmente se percebe. Mesmo quando os adolescentes buscam a companhia e a intimidade com seus pares, procuram nos pais uma
“base segura” da qual possam experimentar suas asas" (Papalia,
Olds e Feldman, p. 493. 2006)
As novas tecnologias, permitem a esta geração uma multiplicidade de contactos e de conquistas. Conhecida também como "Geração móvel", a conquista do seu espaço social está disponível com um clique (seja de computador ou de telemóvel). Os jovens, na construção da sua identidade social, procuram visibilidade e aceitação pelos grupos de pares. As várias tecnologias dão-lhes estas ferramentas, desempenhando papéis diferentes, mas contribuindo de modo inequívoco para a construção da sua identidade. Se por um lado o telemóvel lhes permite estar sempre ligados com o exterior, é uma forma de afirmação e "atribuiu-lhes status - factores importantes para a construção da identidade ao nível pessoal mas também social. Por outro lado, também o computador lhes permite uma panóplia de opções que se adequam às suas necessidades de construção e integração social.
"Em websites de redes sociais como MySpace e Facebook, nossos modernos
auto-retratos apresentam fundo musical, fotografias cuidadosamente
manipuladas, torrentes de meditações e listas dos nossos amigos e passatempos
preferidos. Eles são interativos, convidando os observadores não meramente a
olhar, mas também responder ao retrato da vida online. Nós o criamos para
encontrar amizades, amor e essa ambígua coisa moderna chamada conexão.
Como pintores constantemente retocando seu trabalho, alteramos, atualizamos e
reprogramamos [tweak16] nossos auto-retratos; mas como objetos digitais eles
são muito mais efêmeros do que óleo sobre tela. (...) é o eterno desejo humano
de atenção que emerge como o tema dominante dessas vastas galerias virtuais."
(ROSEN, 2007, p.15).
Blogues e páginas pessoais, são ferramentas de utilização fácil e clara, que mesmo tendo uma base comum, podem ser individualizadas e que permitem ao jovem um trabalho de auto-expressão, auto-reflexão e auto-conhecimento (impulsiona-os a uma reflexão dos seus valores, crenças, exposição de sentimentos e emoções). O blogue é o novo diário, só que agora online! Permite-lhes também registar momentos e partilhá-los.
São formas de visibilidade que permitem que ele exponha o seu "eu" e a sua forma de estar e, que ao mesmo tempo, lhe possibilita receber uma mensagem de retorno da aceitação pelos grupos de pares ou não, permitindo-lhe o ajuste do seu perfil ou do seu "eu", ao universo online em que pretende estar inserido. Esta permanente avaliação do exterior (seja por comentários, nº de visitas,...) faz com que o jovem possa "experimentar" identidades e ajustá-las. Disponíveis a todos, esta interacção permite que os jovens possam construir a sua identidade social partindo de uma base de equidade social.
Chat, email e videos, promovem a comunicação, a troca de informações e a participação em questões sociais. O chat é um espaço livre por excelência de discussão, experimentação, reflexão e procura de soluções. Estudos consideram-no o espaço de eleição dos jovens, já que lhes permite uma grande autonomia e uma forma de "libertação" de quebras barreiras individuais, mesmo para os mais tímidos.
Está provada a importância destas ferramentas para o jovem, daí a sua importância de as integrar de um modo mais efectivo no ensino, como ferramentas criativas de aprendizagem, permitindo ao jovem uma participação (e até uma colaboração activa na criação de conteúdos) num espaço que lhe é tão familiar.
"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo;
se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."
Carlos Drummond de Andrade